quarta-feira, 14 de abril de 2010

Tarô: uma paixão inconfessa


Meu trabalho do curso de pós graduação em Filosofia e Ensino teve como tema a Ciência na visão de Karl Popper, e o problema de que qualquer excêntrico, principalmente após a Segunda Guerra (fase de decepção com a Ciência e seus fins malignos), alardeia que o seu inestimável conhecimento esotérico tem fundamento científico. Popper, através de proposições lógicas, acaba com esses argumentos, demonstrando suas falácias. A proposta do meu trabalho era possibilidade de se ensinar os mecanismos lógicos do pensamento científico no Ensino Médio, para que os cidadãos incautos parem de ser enganados pelos xamãs hi-tech.
Bom, desconfio que sou meio esquizofrênica. Porque mesmo defendendo esse cético cientista, há um "outro eu" meio obscuro que ama as coisas inexplicáveis do além. E o tarô é uma de minhas paixões mais intensas.
Comprei recentemente o baralho de Hider Waite, cujas ilustrações ajudam bastante na leitura dos arcanos menores. Estou botando a preguiça de lado e aprendendo a ler com as 78 cartas, ao invés das 22 que constituem os arcanos menores. A pergunta que qualquer um faria é: isso "funciona"?
Realmente, não sei dizer. Há uma margem considerável de acertos, previsões que "pulam" diante dos olhos de quem lê as cartas,aspectos obscuros da personalidade do consulente que se revelam. Alguns jogos são muito claros e lógicos enquanto outros são confusos e inconclusos (pessoas decididas e perguntas coerentes=jogo coerente; pessoas nervosas e perguntas confusa = jogo confuso). E quando "dá certo",no que acreditar?
1) É coincidência: não discordo da teoria do "bolo de frutas" - ao fazer um bolo de frutas, elas não ficam separadinhas, mas se agrupam. Assim são os eventos da vida, podem repetir-se, o fato de dois eventos parecidos ocorrerem juntos é mera obra do acaso.
2)É psicologia: você é perspicaz o suficiente para prever no que vai dar a atitude do consulente perante o problema colocado. A pessoa "entrega o jogo" no momento em que formula a pergunta. Interpretar linguagem corporal também vale.
Ou então, seria realmente o trabalho das energias que são trocadas no ato da consulta, conectando-se com o inconsciente do consulente e prevendo os eventos pela sincronicidade.Para mim essa é a teoria esotérica mais aceitável.
De qualquer modo, aceito a possibilidade de me dedicar a uma arte mágica nada científica, mas divertida, e um belo exercício de imaginação. Formular previsões e conselhos a partir de cartões desenhados é algo fascinante. Tão artístico e criativo que até dispensa a necessidade de ser "verdadeiro".

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