segunda-feira, 21 de julho de 2008

Na minha adolescência não tinha internet... ainda bem!

Hoje estava numa daquelas prolongadas reflexões que a gente tem no ônibus, quando está de farol baixo, dormitando... estava imaginando como eu teria vivido meus amores de adolescência se, naquele tempo, tivesse internet.
Lembro do dia em que liguei para o meu grande amor... dos monossílabos dele do outro lado da linha... nossa, quantas interpretações possíveis para frases tão significativas quanto: "é"... "tá"... "pois é"... Liguei para o telefone convencional dele, que não lembro como consegui... acho que foi com o primo da minha amiga. Geralmente quem atendia era algum familiar, o que nos deixava mortas de vergonha. Mas a voz embargava, tremia, e você ficava imaginando que aquela songa-monga do outro lado da linha seria sua pretensa futura sogra. Ou cunhada. Ou o sogrão...
Pois é... tinha que ligar mesmo, porque não dava para deixar recadinho no orkut, nem mandar mensagem para o celular. Scrapbook era um mural que tinha na Livraria Sulina (hoje Digital) do shopping... era incrível, mas todo o mundo ia lá olhar os recados. Nunca recebi nenhum (lágrimas).
E como era a nossa vida sem celular? Com certeza, nossos pais sabiam muito mais sobre a gente do que gostaríamos. Tive uma amiga que sempre temia que a mãe estivesse ouvindo do outro lado da linha, ou que estivesse por perto. Lembro o dia em que ela queria me contar que tinha menstruado (ou seja, a farra inconsequente não tinha dado em neném). Dizia pra mim "mens!" "O quê?" "Mens!" E eu, tansa, não compreendia a mensagem em código que ela me passava... até que desembuchou tudo, morrendo de raiva... acho que a mãe não ouviu, porque ela continua viva, forte, e já tem dois nenéns...
Ai, ai, uma foto do amado... as vezes uma amiga tinha ido à alguma festa na qual ele estava e tinha a cara de pau de pedir para bater uma foto dele com os amigos. Tirada com uma máquina Love, ou com uma "melhorzinha", e o que você via da cara dele era um borrão no meio de um monte de cabelos (sim, amávamos os cabeludos), mas já servia para guardar aquela fotografia como se fosse um autêntico pedaço da cruz de Cristo. E hoje? Olha as fotos dele no orkut! Se ele ainda é dos renitentes que não quer ter perfil no orkut, ou porque é muito discreto ou muito burro pra montar um, você sempre acha um amigo (ou amiga) do pretendente que tem fotos no álbum... e fica lá olhando com cara de sonsa pra tela do computador... e mudando as configurações de perfil pra não mostrar suas constantes visitas, assim mantendo o anonimato... e fica sabendo do seu amado muito mais do que o que gostaria.
Imagino eu, aos quatorze, olhando no orkut as fotos do meu divino e gracioso... ele agarrado a lindas menininhas louras do Santa Catarina, e colocando nas fotos legendas em miguxês... ele que me tratava feito um cão leproso... e se ele colocasse lá no perfil "namorando"? Ah, eu cortava meus pulsos... minha auto-estima de lolitinha de 1,56 vivia abaixo de cu de cachorro, e a foto de alguma adolescente fogosa teria me feito despedaçar em comparações virulentas, desde o tamanho de meus quadris até a inferioridade do meu poder de sedução. Oxala, no meu tempo a gente só sabia das coisas por que alguém que estudava na mesma escola que o nosso afeto comentava, que ouviu de um amigo de um amigo, e a gente podia selecionar os comentários e só acreditar no que queria.
E as cartas? Quando não tinha e-mail, tinha que arrumar alguém pra servir de pombo correio. Lembro de uma cartinha em papel de carta do snoopy que mandei pro meu primeiro amor, aos treze anos. Sei que os adolescentes ainda se mandam cartinhas, vejo meus alunos fazendo isso o tempo todo. Que bom que seja assim. Acho que nenhuma caixa de e-mail substitui a velha caixa de papelão decorada, ou o bauzinho de madeira onde se guardam essas lembranças. Quem é que tem paciência pra revirar uma caixa de e-mails e ler os velhos? Talvez até se faça isso, mas a sensação de ter um papel bonitinho nas mãos, e uma letra personalizada, é indescritível.
A as músicas? A gente ficava grudado no rádio esperando dar aquela que queria gravar, numa fita casseta, no som "3 em 1" , e amaldiçoava o idiota do locutor que largava uma frase infame bem no meio da música. E as Biz letras traduzidas? Minha irmã colecionava, e aprendi inglês com elas. Talvez se fosse hoje, eu teria perdido mais tempo falando bobagens no msn do que procurando letras de música.
E quando sentia necessidade de aprender alguma coisa nova, ia para a Biblioteca Pública. Hoje, vejo meus alunos - enão só eles, como seus pais, professores, etc - glorificando a internet como fonte de todo o saber do universo, mas a verdade é que essa piazada anda cada vez menos informada... em cultura geral, conto nos dedos os que se interessam e se sobressaem. De que adianta tanta informação disponível, se o mesmo veículo que te dá informações úteis também te oferece a possibilidade de passar um longo tempo em ócio mental escrevendo bobagens (e assassinando o português)? E porque será que as pessoas quase sempre escolhem o que se oferece de pior, o que as imbeciliza e rouba seu precioso tempo com entretenimento inútil?
Bom, estou ficando saudosista... uma velha ranzinza que diz "no meu tempo era melhor"... enfim, como os nossos pais! Estou compreendendo que tem uma geração mais nova que eu que está além do meu entendimento. Mas de uma coisa tenho certeza: a inexistência da internet contribuiu - e muito - para a minha formação sentimental e intelectual. Será que eu teria largado o msn para ler Fausto? É de se duvidar...

terça-feira, 8 de julho de 2008

"E na época, Deus, eu te perguntei: 'Por quê'?"


Essa foi muito boa!
Minha amiga foi visitada pelo ex namorado...
E ela disse que ocorreu justamente essa idéia... de levantar as mãos pro céu é dizer: "E na época, Deus, eu te perguntei: 'Por quê'??"
Dizem que devemos compreender os desígnios ocultos do divino quando alguma desgraça nos acontece... quem sabe não foi pra salvar a gente do inferno?
Tá na fossa? Já ouviu cem vezes o disco da Mayza Matarazzo? Até deixou rolar uma lágrima ouvindo Bruno e Marrone? Pois bem, há consolo... Já pensou que aquele popstar por quem você está disposta a cortar os pulsos pode vir a ser tornar um ogro?
Quando bater aquela dor no coração, pense dez anos no futuro... aquele lindo mancebo ficando careca, gordo, endividado, e vocês com quatro filhos ranhentos (o dito ex da minha amiga é tetra-pai)...
Um dia você pode levantar as mãos pro céu e dizer: "Deus, e na época eu te perguntei: 'Por quê'!!!? VALEU!!!!"