sábado, 25 de outubro de 2008

Revista Veja e a análise do fracasso na educação

Recentemente, a reportagem de capa da revista Veja é uma análise sobre o fracasso da educação em nosso país. O tema gerador é bem pertinenente, e eu como professora o considero mais do que urgente: embora a grande maioria dos alunos brasileiros não saiba interpretar um texto ou fazer operações matemáticas básicas, os pais andam muito satisfeitos com a qualidade da educação que os filhos recebem.
Os pais das escolas particulares elogiam as escolas limpas, com quadras de vôlei, piscina e aspecto de shopping center. Os pais das escolas públicas agradecem ao fato de os filhos estarem sendo vigiados em um ambiente fechado e receberem merenda e livros didáticos de graça. Eu que trabalho em escolas públicas observo, inclusive, que muitos pais agradecem ao fato de os filhos estarem na escola e não em casa dando dor de cabeça, ou que, pelo menos por algumas horas do dia, estarão em um local seguro - longe do divertimento perigoso das ruas - enquanto eles trabalham.
Porém, o artigo da revista Veja foi um tanto limitado, porque enfocou todo o problema em um só aspecto: o ensino ideologizante que está tomando conta de todas as instituições. Sim, eu observo que este é um problema. Mas o que não compreendi bem, é que de acordo com a reportagem, esse parece ser o único problema. Quando terminei de ler a matéria, fiquei procurando nas páginas seguintes aonde eles iam abordar os outros aspectos envolvidos no fracasso da educação, mas a reportagem havia terminado.
O problema esteja, talvez, no modo como a reportagem foi anunciada na capa. Dá a entender que o tema é o fracasso da educação no país, o que nos leva a pensar em diferentes fatores - má formação dos professores, indisciplina, gestão ineficiente do ensino público, etc. - e também, é claro, podemos incluir a influência maléfica do ensino excessivamente ideologizante. Porém, a reportagem se foca somente no problema da ideologia. Então fica a impressão de que, não fosse o "perigo vermelho" infiltado nas escolas, o problema da qualidade de ensino estaria resolvido.
Porém, em minha experiência, percebo que os barbudos marxistas ainda são uma minoria entre os professores. A maioria deles sofre de grave pobreza intelectual, mas poucos são os renintentes do maio de 68.
Realmente, concluo o que já havia visto em diversas outras situações: a Veja traz reportagens superficiais, e faz o mesmo tipo de ideologia barata que tanto critica.
Devolvendo a acusação que a Veja faz aos lunáticos defensores de Marx e Paulo Freire: crianças, cuidado com o que seus pais andam lendo! Eles podem estar sendo influenciados e emburrecidos...