sexta-feira, 1 de maio de 2009

O jogo do copo: os fantasmas se divertem

Quem não jogou o jogo do compasso ou o jogo do copo, não foi adolescente.
"Está se mexendo!" "Está andando!" Sim, somos adolescentes cheios de energia e canalizamos tudo isso para mover obejtos.
Canalizamos nossa energia?
E não se tratam de ESPÍRITOS?!
O coração bate forte... a gente não sabe se ri ou se fica com medo. Sempre tem um palhaço para desrespeitar o dito cujo do morto com uma brincadeira ou uma observação idiota. Essa é o primeiro a ser expulso do jogo. Afinal, grandes verdades estão prestes a ser reveladas, e vamos saber quem será o primeiro da turma a bater as botas... (apreensão e curiosidade).
Eu já perdi boas horas com o jogo do copo e do compasso. As histórias hilárias desses jogos dariam um blog inteiro. Como o dia em que alguém da mesa peidou e ninguém se acusou (eu só sei que não tinha sido eu). Perguntamos ao "espírito" quem tinha sido, e ele soletrou: "meu cheiro". Esse encaixava perfeitamente na alcunha de "espírito zombeteiro", porque tinha um senso de humor incrível.
Na mesma sessão, minha prima e as outras duas meninas perguntaram ao "espírito" porque o Zé - era esse o apelido criativo do surfistinha infame - fazia piadinhas idiotas ao meu respeito quando íamos no Sorvetão (as piadas idiotas eram no sentido da minha idade de franguinha, 14 aninhos). O espírito respondeu "te acha gostosa!" Outra do senso de humor sarcático do nosso Gasparzinho. Por dizer isso de uma menina de 14 aninhos, devia ter subido do Umbral destinado aos pedófilos.
(Hoje que sou uma balzaquiana e o Sr. Zé deve estar gordo e careca e perseguindo franguinhas ao invés de debochar delas. Bem feito!)
Teve um ano novo, na praia, em que num momento de tédio sugeri um jogo do copo. Eu já era bem grandinha pra isso, mas deu um daqueles ataques de imbecilidade. Levei mais uns oito na onda da minha idéia absurda. Demos as mãos, comecei a convocar o espírito para que se manifestasse e se restirasse no momento solicitado, para que nos trouxesse informações úteis, etc. Um amigo que estava perto, também professor de história, fez a genial observação: "Isso parece reunião pedagógica!". Não poderia ser mais sábio e debochado.
Nessa sessão teve um lance interessante na distribuição das letras: alguém as desenhou, mas não fez o K, o Y e o W. Discutimos por algum tempo sobre a necessidade destas letras (o "espírito" poderia ser inglês ou se chamar William, Wesley, etc). Acabamos colocando os ditos caracteres. Começamos a sessão. O copo começou a andar. E ia somente nas letras K, Y, W e X. Sim, os fantasmas se divertem!
Como ele não falasse coisa com coisa, "combinamos" que ele só iria responder "sim" ou "não". Perguntamos se ele conhecia alguém da roda. Depois de afirmações e eliminações, uma das meninas achou que se tratava do seu tio que havia falecido. Ela começou a fazer perguntas. "A fulana está aí com você?" "Sim". "Ela está bem?" "Sim". Lá pelas tantas, a consulente estava aos prantos. Eu comecei a me dar conta de que era muito fácil simplesmente responder afirmativamente a todas as perguntas dela. Senti que a brincadeira já tinha ido longe demais, enquanto "do lado de lá" o "espírito" devia estar ganhando seu dia. Uma boa forma de passar as horas tediosas do post-mortem é encontrar um bando de adolescentes (ou adultos sem ocupação) para tirar sarro.
Fora isso, tem as lendas urbanas, de copos que explodiram, que ficaram pretos ou embaçados por dentro, de espíritos que "encarnaram" no corpo de laguém da roda. São como aquelas história da menina que ficou com a garrafa de coca-cola presa na vagina: todo o mundo conhece alguém que passou por isso, mas ninguém sabe dar nome, local ou data ao evento.
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Sobre o jogo do copo, só sei dizer uma coisa: ele realmente anda. Já fiz vezes o suficiente para testar e ver que ninguém está empurrando (fazendo as pessoas se alternarem com o dedo no copo, enquanto os outros membros da roda tiram, e ver que ele sempre se move na mesma força e velocidade). Afinal, o que tem "lá dentro?"
Para mim são duas possibilidades: ou um espírito que não tinha nada para fazer, estava passando por ali e decidiu bater um papinho nada cabeça, tirar uma onda e botar medo em pessoas facilmente impressionáveis (segundo kardecistas, alguns ficam por aqui num tédio danado, procurando alguém que se impressione com as suas "verdades"), ou o simples fato de várias pessoas depositarem seus dedos e vontades sobre um único objeto gera um campo de energia tal que é capaz de fazê-lo se mover. Nenhuma das hipóteses tem qualquer fundamento científico, e a Ciência tem coisas mais importantes sobre o que conjecturar. Mas que funciona, funciona!

Um comentário:

Maurício R. disse...

Tenho em casa um daqueles copos gigantes da Pepsi da tour do Michael Jackson, de repente funcione melhor.
Ah, fotinho impagável hein...

Bjs