
E por que raios sinto como se não tivesse nada a dizer?
Para essas almas meditabundas e melancólicas que se identificam profundamente com neuróticos egocêntricos como Woody Allen, não estar deprimido é sentir-se preso a uma incômoda normalidade.
Nós, os existencialistas, que vivemos mugindo nossa incapacidade de ser felizes com os prazeres que agradam às massas, procuramos, cavamos, futricamos culpas e defeitos irreparáveis que talvez tenhamos deixado para trás. Estou feliz? Falha trágica, "hibris": devo estar me afundando na lama, sorridente e auto-confiante, mas ainda não enterrei a cabeça o suficiente para me dar conta do fato.
Quando na fase em que se repete, às marteladas o doloroso "Ai de mim, cruel destino me atingiu", sou tocada por um profundo sentimento de sabedoria e criatividade, e fico urgindo qual será o próximo tema a postar no meu bolg, ou escrveo compulsivamente em meus diários. Agora, passada a nuvem negra, quem sou eu? Professora, trabalhadora, que aprendeu a respeitar prazos e horários e só quer sair do cheque especial e arrumar algum programinha maneiro pra fazer no fim de semana. Antes de dormir, onde estão os pensamentos grandiloqüentes a me tirar o sono? Eu simplesmente torço para que tenha um filme decente no Telecine, ou para que, ao chegar na locadora, eu não esqueça os nomes de todos aqueles filmes que eu queria tanto assistir.
Estou delirando em acreditar que certas pessoas provoquem o próprio sofrimento só para se sentirem sábias, ou para terem o rompante de botar fogo no ninho, atirar pro alto tudo o que é seguro e fazer algo inusitado, fora do cronograma e sair daquela rotina feliz e segura?
No meu caso, acredito que sim, invento problemas, porque tenho essa obsessão por mudanças internas, jogar fora velhos hábitos, revolucionar o pensamento. Mas perto dos 30, acho que não tenho mais aquela predisposição romântica para a depressão e para a melancolia prolongada - até porque ficar profundamente deprimido quando o mundo lá fora está pouco se lixando para você caso não tenha forças pra cuidar da própria sobrevivência é muito arriscado. Estou disposta, sim, de fechar o ciclo de Fênix - morre e renasce das cinzas - pra assumir que a vida pode ser tranquila e ao mesmo tempo, ter nuances, sobressaltos e surpresas.
Está na hora de compreender que viver com tranquilidade e paz de espírito não significa, necessariamente, viver estagnado.
Nós, os existencialistas, que vivemos mugindo nossa incapacidade de ser felizes com os prazeres que agradam às massas, procuramos, cavamos, futricamos culpas e defeitos irreparáveis que talvez tenhamos deixado para trás. Estou feliz? Falha trágica, "hibris": devo estar me afundando na lama, sorridente e auto-confiante, mas ainda não enterrei a cabeça o suficiente para me dar conta do fato.
Quando na fase em que se repete, às marteladas o doloroso "Ai de mim, cruel destino me atingiu", sou tocada por um profundo sentimento de sabedoria e criatividade, e fico urgindo qual será o próximo tema a postar no meu bolg, ou escrveo compulsivamente em meus diários. Agora, passada a nuvem negra, quem sou eu? Professora, trabalhadora, que aprendeu a respeitar prazos e horários e só quer sair do cheque especial e arrumar algum programinha maneiro pra fazer no fim de semana. Antes de dormir, onde estão os pensamentos grandiloqüentes a me tirar o sono? Eu simplesmente torço para que tenha um filme decente no Telecine, ou para que, ao chegar na locadora, eu não esqueça os nomes de todos aqueles filmes que eu queria tanto assistir.
Estou delirando em acreditar que certas pessoas provoquem o próprio sofrimento só para se sentirem sábias, ou para terem o rompante de botar fogo no ninho, atirar pro alto tudo o que é seguro e fazer algo inusitado, fora do cronograma e sair daquela rotina feliz e segura?
No meu caso, acredito que sim, invento problemas, porque tenho essa obsessão por mudanças internas, jogar fora velhos hábitos, revolucionar o pensamento. Mas perto dos 30, acho que não tenho mais aquela predisposição romântica para a depressão e para a melancolia prolongada - até porque ficar profundamente deprimido quando o mundo lá fora está pouco se lixando para você caso não tenha forças pra cuidar da própria sobrevivência é muito arriscado. Estou disposta, sim, de fechar o ciclo de Fênix - morre e renasce das cinzas - pra assumir que a vida pode ser tranquila e ao mesmo tempo, ter nuances, sobressaltos e surpresas.
Está na hora de compreender que viver com tranquilidade e paz de espírito não significa, necessariamente, viver estagnado.
Um comentário:
Eu as vezes ainda tenho a predisposição romantica pra ser um Woody Allen...
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